sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A primeira crise petropolitana no esporte

Caiu como uma bomba o anúncio feito nesta semana, via Comitê 2016, da exclusão de Petrópolis do cadastro que envolve 72 cidades que servirão de ponto de aclimatação para os Jogos de 2016. Não ter sequer um local indicado aprovado nesta primeira eliminatória, digamos assim, parece ser tão tenebroso quanto controverso.
É difícil de acreditar que os locais indicados pelo município não estariam de acordo. Um deles que mais me surpreendeu é o Haras de Luís Felipe Azevedo, em Araras, onde é reconhecidamente um dos melhores espaços do país no hipismo. Ou então o riquíssimo Bomtempo Resort, em Itaipava, local que era observado por espanhóis, que têm hoje o número um do ranking da ATP.
Quando li a respeito, fiquei tão surprendido como outra qualquer pessoa que acompanha o esporte. Afinal, mesmo sabendo que temos poucos espaços esportivos, se salvam quase nada e outros tantos carentes de modernização. Acho que isso todo mundo está careca de saber. De cara, então, culpei a secretaria de esportes pelo fracasso petropolitano no projeto de se inserir noss Jogos de 2016.
Me recordo que, em 2011, houve uma audiência públicano Teatro Municipal, na qual o Mep e a secretaria de esportes apresentaram um projeto para se tornar uma das principais cidades-sede para acolher delegações do exterior. Foi um verdadeiro espetáculo, que contou com a presença dos gêmeos Fábio e Rafael, do Manchester United e atletas da Pé de Vento e do próprio cavaleiro olímpico, Luís Felipe Azevedo.
Disseram, na ocasião, que o município poderia ser beneficiado com investimento de milhões. Se bem que estamos ainda em 2012 e quem sabe isso não muda? Do jeito que está... Sei não.
E janeiro começou com um indício de melhoria nas relações institucionais. O Serrano, após travar uma batalha de palavras e até ameaças, se acertou com a Prefeitura e vai ganhar de presente a instalação das cadeiras vindas do Maracanã ao estádio Atílio Marotti.
Outro fato relevante foi a aquisição de patrocinadores por parte do clube petropolitano, que apesar de aparentar ser uma boa notícia, é preciso verificar se não é mais uma armadilha montada para afundar ainda mais o clube. As mesmas pegadinhas que o clube caiu nos últimos 24 anos.
Contudo, eis que surpreendentemente, contra tudo e contra todos, a Prefeitura de Petrópolis, do PT, não tem sequer um local aprovado em primeira fase para receber delegações estrangeiras.
O secretário de esportes, Carlos Alberto Lancetta, recebeu a notícia pela manhã, através de mim. O detalhe é que na noite anterior, o deputado estadual, Bernardo Rossi, não só já sabia da informação como também se prontificou a resolver essa crise.
Ou seja, no caso do secretário, como marido enganado, Lancetta foi o último a saber.
Ele se mostrou surpreso e ao mesmo tempo confuso. Dizia não acreditar naquela informação, que era verdadeira. Logo ele, que foi nomeado para ser o cara que "levaria" Petrópolis aos próximos megaeventos esportivos do país.
Hoje, após conversar com o prefeito Paulo Mustrangi, Lancetta "entendeu" a situação grave e logo fez contato com o Comitê 2016, a fim de forçar à entidade rever à decisão de excluir Petrópolis.
Até aí, nada demais se não fosse por um detalhe: teria descoberto uma manobra sinistra nos bastidores para excluir o município do processo.
O secretário tem que se explicar, de fato, já que expôs Petrópolis ao ridículo de não ter sequer um local aprovado.
Infomalmente, Carlos Alberto revelou o que ocorreu e pediu ao titular deste blog silêncio, até que todas as informações sejam apuradas para serem reveladas a público.
De minha parte, fiquei igualmente incrédulo diante dos argumentos do ingênuo secretário (há um outro adjetivo que poderia ser usado, mas vai contra a dignidade de sua pessoa), e que, mais do que nunca, se forem verdadeiros, vai expôr uma guerra que é política, e de certa forma vai no sentido contrário aos interesses do desporto municipal.
Nada, porém, que me espante. Eu e mais gente que acompanha desde o início a chegada do atual secretário e tudo que vem ocorrendo desde então até hoje.
Apesar disso, quero ouvir a tudo e a todos para chegar à uma conclusão sobre o seguinte: por que Petrópolis foi sumariamente excluída entre as cidades-sede?
Essa resposta concreta, da parte do Poder Público, será dada a todos no momento adequado. Possívelmente no dia em que o secretário terá que se explicar na Câmara Municipal sobre tudo que vem acontecendo, no mês que vem.
Enquanto isso, Mustrangi anunciou que a Comdep irá colocar as benditas cadeiras no Atílio Marotti, em um investimento que pode chegar a R$ 65 mil reais.
Os adversários do Serrano, por sua vez, estão de olho nesse movimento e pode ser decretada uma guerra judicial, sob o argumento que não se pode injetar dinheiro público em uma instituição privada.
E o prefeito deu ainda carta branca a Lancetta para dar todo o amparo ao Serrano nesse quesito. Não está descartada alguns pequenos reparos no estádio, também. Nada que já não tenha feito neste mandato.
O gesto prático do prefeito tem um recado: que,a partir de agora, a Prefeitura está no comando do esporte e livre de lobistas.
O que é público pertence à população e o que é privado pertence aos seus investidores.
Separados talvez não por muito tempo (tenho certeza que essa parceria público/privada será retomada com a derrota de Mustrangi nas urnas em outubro, sob o argumento dos ventrílucos de que será "bom para o esporte"), pois tudo voltará como antes.
É como diz o ditado: " quando as comadres brigam, as verdades aparecem".

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