segunda-feira, 23 de junho de 2008

Imunização será necessária para quem vai a Pequim, diz especialista

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Não basta comprar a camiseta verde-amarela, o boné, a corneta e ensaiar o samba no pé. Ao se preparar para embarcar rumo a Pequim, quem vai torcer pelo Brasil nos Jogos Olímpicos, em agosto, deve pensar também em se prevenir com vacinas contra doenças como sarampo, hepatites A e B, tétano, varicela e diarréia do viajante para aproveitar a viagem com saúde. Os torcedores que pretendem transformar Pequim numa plataforma para passear pela China devem se proteger também contra outras doenças, como a raiva. Tudo vai depender da província a ser visitada. É bom lembrar que, para entrar na China, todo brasileiro tem apresentar certificado de imunização contra a febre amarela.
“O ideal é que o torcedor procure seu médico ou então um especialista em Medicina do Viajante antes de sair do Brasil. A partir do histórico de saúde do paciente e do roteiro turístico, o profissional vai prescrever as vacinas necessárias e os cuidados a serem adotados durante a viagem”, explica a médica Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm - Sociedade Brasileira de Imunizações.
De acordo com a médica, a saúde do viajante pode ser posta em risco não apenas por conta das doenças com alta prevalência na China, como a hepatite A, mas também porque os jogos vão reunir pessoas do mundo inteiro, propiciando o contágio de doenças como sarampo e varicela. “Na última Copa, surtos de sarampo assolaram várias cidades da Alemanha. No Brasil, o sarampo é uma doença controlada. Os últimos casos registrados foram “importados” de outros países”, lembra Isabella.
A gerente-médica da Sanofi Pasteur, Lucia Bricks, lembra que o organismo humano necessita de cerca de duas semanas para desenvolver anticorpos contra as doenças para as quais foi imunizado. “Portanto é fundamental o viajante buscar orientação e se vacinar com antecedência para que o sonho dourado de folga se torne num pesadelo”, diz a médica.
DOENÇAS EVITADAS COM VACINAS
O calendário oficial de vacinas no Brasil inclui a maioria das vacinas indicadas para os viajantes, principalmente para crianças (sarampo, caxumba, rubéola, tétano, coqueluche, tuberculose, poliomielite, hepatite B, Haemophilus influenzae tipo b - Hib). Para adolescentes, jovens e adultos, a rede pública disponibiliza vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola (para mulheres entre 12 e 49 anos e homens até 39 anos), hepatite B (até 19 anos), e difteria, tétano e febre amarela (sem limite de idade).
As vacinas contra hepatite A, varicela, diarréia do viajante, cólera e raiva para efeito profilático são encontradas apenas nas clínicas particulares de vacinação. A Sanofi Pasteur, divisão de vacinas do grupo francês Sanofi-Aventis, não só oferece boa parte das vacinas indicadas para quem vai viajar para China como dá informações sobre as vacinas para viajantes em seu site www.sanofipasteur.com.br e pelo Serviço de Informação sobre Vacinação por meio do telefone 0800-148480, de segunda a sexta-feira das 9 às 17 horas. Confira agora mais detalhes sobre as vacinas indicadas:
Sarampo, caxumba e rubéola – Muitas pessoas chegaram à fase adulta sem terem sido imunizadas porque, há 20 anos não existiam vacinas contra essas doenças. Por isso se recomenda a vacinação de jovens e adultos. Além disso, só depois de 2003, o calendário brasileiro de vacinação incorporou duas doses da vacina tríplice. Pessoas que receberam apenas uma dose da devem ser revacinadas, para ter maior proteção.
Difteria-Tétano – Essas doenças podem ser prevenidas com uma vacina combinada, que exige uma dose de reforço a cada dez anos. A difteria provoca dor na garganta, febre e uma membrana aderente na amídala da faringe e/ou nariz. É altamente contagiosa e se espalha quando há contato físico direto ou se respira as secreções do doente. Já o tétano é causado pela toxina de uma bactéria encontrada nas fezes de animais e humanos, na terra, nas plantas, em objetos. Penetra em pessoas com feridas, arranhaduras, cortes.
Febre amarela – Todas as pessoas residentes em países endêmicos (como o Brasil) devem apresentar documento oficial de imunização para entrar na China. Disponível nos postos de saúde, a vacina deve ser tomada 10 dias antes da viagem e necessita de dose de reforço a cada 10 anos.
Varicela (catapora) – Altamente transmissível, contamina cerca de 80% das pessoas não-vacinadas ou que nunca contraíram a doença. A transmissão, que chega a 85% em ambientes fechados, ocorre com o contato com as vesículas do doente ou as gotículas que ele expele pelo ar. A vacina pode ser tomada a partir de um ano de idade, em duas doses. É recomendada para quem nunca contraiu a doença em qualquer viagem e localidade.
Raiva - A vacinação profilática pré-exposição contra raiva é indicada para países da África e do sul e sudeste da Ásia onde a raiva canina ou em morcegos é comum e a profilaxia pós-contato muitas vezes é de difícil obtenção e má qualidade. Exploradores e ecoturistas devem ser vacinados, porque o vírus é disseminado por animais selvagens. O morcego é o principal portador do vírus da raiva e pode transmiti-lo por mordidas ou pelas fezes.
· Hepatite A - Por se tratar de uma doença transmitida via alimentos e água contaminada, recomenda-se a vacinação. Nem quem faz refeições apenas em hotéis de luxo está imune. Se o manipulador de alimentos estiver doente pode contaminar o alimento e quem o ingere. Em 70% crianças, a infecção é assintomática. Em jovens e adultos, a doença tem evolução mais prolongada, em geral, com icterícia. Nas faixas etárias maiores, as taxas de complicações e morte são maiores que as das crianças com até cinco anos.
· Hepatite B - A mais perigosa das hepatites virais pode ser transmitida por contatos sexuais, objetos cortantes (alicates de unha, lâminas usadas por barbeiros, tatuagens, piercings) e uso compartilhado de escovas de dente. Boa parte dos infectados não têm sintomas até que surgem complicações como cirrose e câncer de fígado. A vacinação requer três doses.
· Diarréia do Viajante-Cólera – Causadas pela ingestão de água e alimentos contaminados, essas doenças podem ser prevenidas por meio de apenas uma vacina. Provocada pela bactéria conhecida como ETEC, a diarréia do viajante é responsável por até 50% dos desarranjos intestinais de quem viaja. O vibrião do cólera se instala no organismo quando o indivíduo bebe água contaminada de poços, rios e córregos ou consome frutos do mar e peixes crus ou mal cozidos infectados. Quando não tratado, o cólera severo é a doença mais rapidamente fatal conhecida até hoje.

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