segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Franck Caldeira e Pé de Vento vão romper

A TV Globo exibiu anteontem a Corrida de Reis, a versão que aconteceu na cidade de Cuiabá, em Mato Grosso. E mostrou com destaque o mineiro radicado em Petrópolis, Franck Caldeira de Almeida, que foi o terceiro colocado na prova e melhor brasileiro, sendo que o tanzanês Maicos Joseph obter a vitória. A emissora confirmou que o atleta renovou contrato com o Cruzeiro, o que certamente irá contribuir para um maior afastamento dele de Petrópolis.
Desde que assinou o contrato com Cruzeiro, Franck se distanciou muito de Petrópolis – cidade que morou e treinou desde os 15 anos – e uma consequente mudança de hábitos em Belo Horizonte, Minas Gerais. O seu afastamento coincidiu também com uma queda vertiginosa em seus resultados, motivo de profunda irritação do seu treinador, Henrique Viana, que sempre foi contra a sua ida para o popular clube mineiro. Começou aí a ruptura de relacionamento de uma parceria de oito anos.
Franck passou a vir para Petrópolis pouquíssimas vezes, e os contatos dele com Henrique Viana passou a ser menos frequentes. Só que o atleta tinha mais do que uma planilha de treinamentos para cumprir aqui na Cidade Imperial. Ele é o vice-presidente da ong Pé de Vento e padrinho do projeto “Jovens Talentos”, que a equipe de atletismo fez com o Poder Público até dezembro passado. Por isso, irá em breve ter uma reunião com Viana, a fim de tratar possivelmente do divórcio.
– Eu vou ter uma reunião com o Franck aqui em Petrópolis. Temos muitas coisas para conversar, já que essa renovação de contrato com o Cruzeiro o manterá afastado daqui, e do jeito que está não dá para continuar, disse o treinador.
Outra prova de que Franck está com os dois pés fora da Pé de Vento neste ano foi dada verbalmente pelo treinador. De acordo com ele, Caldeira não está mais dentro do planejamento da equipe em 2009, talvez a prova definitiva de sua saída. Depois de deixar Sete Lagoas, interior de Minas para vir a Petrópolis, a convite de Henrique Viana, se acostumou a ganhar títulos desde a categoria juvenil. Sua evolução foi notória e chegou ao auge em 2007.
O corredor, por sua vez, parece demonstrar que a Pé de Vento não é mais parte de sua vida. Em algumas entrevistas, já é comum ouvir que Alexandre Minardi, técnico de atletismo do Cruzeiro, é o seu treinador. Ele afirma que o azul e branco celeste paga seu contrato e oferece condições muito melhores do que Petrópolis. A vitória na São Silvestre e a medalha de ouro no Pan 2007 deram a munição que o atleta precisava para ganhar dinheiro.
Perdas nos últimos 20 anos – Sabendo que Franck Caldeira não deve fazer mais parte da chamada família Pé de Vento, a equipe percebeu que precisa de um nome forte para manter o status quo no atletismo. Sem muito alarde, Henrique Viana está preparando o brasiliense Raimundo Nonato para ocupar o espaço deixado pelo mineiro cruzeirense. Tanto é que esteve em Brasília anteontem acompanhando o corredor, que ficou em sexto lugar na Corrida de Reis, a versão que acontecia ao mesmo tempo daquela de Cuiabá, onde Franck estava lá.
Ao ser indagado se a Pé de Vento perderia muito sem a visibilidade de Franck, o treinador da equipe não deixou barato e afirma que está passando pelo “melhor momento” desde que a instituição esportiva foi criada, há 25 anos. Segundo ele, o time de atletismo petropolitano tem um grupo de atletas que vivem seu auge, e não enumera somente Raimundo, que foi o melhor brasileiro na última Corrida de São Silvestre.
– A Pé de Vento tem hoje pelo menos seis atletas em condições de brigar por títulos. O que devemos fazer é com a experiência que obtemos nos últimos anos é repensar metas, valores e modelos, a fim de que estejamos à frente de outras equipes, comentou Henrique Viana, que viu nos últimos 20 anos várias estrelas deixarem Petrópolis.
Quando o petropolitano Arthur de Freitas Castro se desentendeu com Henrique Viana, em 1990 e trocou de treinador. O corredor, que em 1989 ficou em quarto lugar na São Silvestre, deu a projeção nacional que a Pé de Vento tanto precisava. Outras decepções aconteceram com o treinador. Dois meses depois de ganhar a São Silvestre, em 1994, Ronaldo da Costa – com jeito comportamento polêmico – se desentendeu com Viana e foi viver sua vida. O mesmo aconteceu com Éder Moreno, que em 1999 ganhou a medalha de bronze no Pan de Winnipeg, no Canadá em 1999 e agora mais recente com Franck Caldeira.

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